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A Revolução em Red Rising

FoiceEmartelo

Red Rising é um livro de ficção científica escrito pelo autor americano Pierce Brown. Se passando em um futuro distópico em que a sociedade é divida por castas, que por sua vez são separadas por cores.

Nessa sociedade, os donos do poder são os Ouros. São ricos, prósperos e dono de todo o conforto que o mundo pode oferecer. Mas também são fascistas e eugenistas e propagam suas ideias por meio da rede de comunicação, que obviamente é dominada por eles mesmos.

A Sociedade, como é chamado o sistema governado pelos ouros, é regida por uma matriarca que chamam de Soberana e é independente da Terra.

Nela, os Ouros são treinados e testados, vivendo sob uma disciplina baseada nas ideias ocidentais e greco-romanas. Eles são fortes, saudáveis, maiores e dominam todas as outras classes com punho de ferro, sendo a pena de morte por enforcamento a punição para quem desobedecer.

Eles acreditam que a humanidade não é igual e que os mais fortes deve prosperar sobre os mais fracos.

Cada cor desempenha um papel, sendo os vermelhos os mais oprimidos. Os ouros mentem, enganam e criam promessas vazias para que os vermelhos continuem a trabalhar nas minas, extraindo o componente importante para a terraformação de planetas: o Hélio-3.

Os vermelhos trabalham e dão suas vidas para a extração do Hélio-3, sob a mentira de que são pioneiros em Marte e que, após tantos anos de trabalho duro, herdarão um planeta verde e cheio de vida.

Os vermelhos são a força de trabalho braçal.

Dentre as Cores, há aquela criada para a guerra, para morrer pelos Ouros: os Obsidianos. Eles vivem em um planeta isolado e são conscientemente mantidos na ignorância pelos Ouros, tendo a mitologia nórdica enfiada goela abaixo para que obedeçam. Para eles, os Ouros são Deuses. E eles obedecem, pois temem.

É a dominação das mentes pela religião.

A história gira em torno de Darrow, um Vermelho que resolve se rebelar contra o sistema, contra as injustiças dessa sociedade perversa - ele é um revolucionário.

A arte imita a vida, e a vida imita a arte.

Essa obra explora a opressão, a humanidade e sua busca por liberdade. Somos criados para ser livres e desejamos a liberdade. Mas vivemos em um paradoxo: tememos a liberdade tanto quanto a desejamos.

Nascemos em uma classe social e somos adestrados todos os dias para que sigamos os rumos da sociedade. De um modo ou de outro, somos oprimidos. Nossas cores, nossas origens e nosso trabalho moldam nossos valores.

Pierce Brown nos ensina que não existe liberdade contra a opressão sem luta. Mas a luta é contida por meio da mentira, da confusão e das migalhas.

As narrativas são determinadas pelos detentores do poder, daqueles no topo da pirâmide. Toda grande revolução precisa de um início, precisa de uma centelha e essa centelha começa pela consciência.

Ao tomarmos consciência de nosso lugar no mundo e na sociedade, ao aceitarmos nossas origens com orgulho e dignidade, damos início a uma centelha de liberdade em nossos corações.

É provável que não vejamos em vida uma revolução dos oprimidos sobre os opressores, mas é possível manter a chama acesa.

Em Red Rising, essa chama é a humanidade. Darrow é extremamente empático e humano. Ele aprende a amar a todos os homens, independente da Cor em que nasceram, ele é forte na fragilidade e frágil na força. Mas também é capaz de odiar a opressão e todos aqueles que a alimentam.

“Red Rising” significa, em tradução livre, “Ascenção Vermelha”.

Quando penso nos problemas da nossa sociedade, me sinto pequeno e impotente. Mas por que não manter a chama da esperança em um futuro melhor para todos acesa? Me pergunto: o que posso fazer para contribuir por um mundo melhor, com mais consciência de classe?

Cada um possui uma resposta pra isso, à sua maneira. Eu acredito que um dos maiores desafios nessa busca hoje é a comunicação. Ora, pessoas que ocupam o Fediverso possuem a consciência do quanto as grandes mídias sociais e seus algoritmos determinam o que as pessoas veem (e quem tem dinheiro, alcança mais gente).

É a opressão do Capital. Recentemente, me chegou um post no Mastodon de que a Meta censurou o jornal A Verdade no Instagram.

São os mesmos que apoiam grupos de extrema-direita que clamam aos quatro ventos por “liberdade de expressão”.

As ideias dos opressores se propagam, mas a dos oprimidos são caladas.

Cabe a cada um de nós manter viva a chama da verdadeira liberdade, igualdade e fraternidade humanas.

Quanto ao livro, recomendo a leitura, pois nos faz refletir sobre a opressão humana e sua busca por liberdade, nos faz refletir sobre como um sistema opressor não possui limites e que, se não agirmos, os “Ouros” contemporâneos continuarão oprimindo os baixa-cores do proletariado.

Esta postagem está licenciada sob CC BY 4.0 pelo autor.